DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

5 de junho é comemorado o dia mundial do meio ambiente. Mais do que uma reflexão, é uma data para alertar população, empresas e governos sobre a importância da preservação do mundo em que vivemos, dos ecossistemas, da biodiversidade e formas de enfrentar as ameaças da degradação das florestas, rios e alterações no clima.

 

A data começou a ser comemorada em 1972 com a Conferência de Estocolmo, na Suécia, primeiro grande encontro organizado pelas ONU (Organização das Nações Unidas) para tratar das questões relacionadas à degradação ambiental. Na ocasião o tema em destaque já era a poluição atmosférica e o uso dos recursos naturais. Foram 113 chefes de estados e mais de 400 instituições governamentais e não governamentais, uns, os grupos dos “países desenvolvidos” defendendo um freio no ritmo da industrialização, e outros, os “em desenvolvimento” que não aceitavam as propostas que impactariam o fluxo do seu desenvolvimento, capacidade de enriquecer e, consequentemente, a melhoria na qualidade de vida da sua população.

 

Até hoje, 2020, 48 anos após a primeira Conferência, a discussão permanece entre os dois grupos e o que preconizava o item 2 da Declaração continua em destaque: “A proteção e a melhora do ambiente é uma questão fundamental que afeta o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento econômico em todo o mundo…”.

 

Desmatamento em alta, biodiversidade ameaçada e alterações no clima. Enquanto se aprimoram os debates e as pesquisas, e as discussões entre governos, instituições e população continuam, o meio ambiente responde às ações não realizadas e propostas não concretizadas com temperaturas do planeta em elevação, eventos climáticos extremos, grande perda dos ecossistemas e o surgimento de pandemias.

 

De acordo com o Relatório Especial do IPCC ((Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)) lançado em 2019, se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2º Celsius estabelecido no Acordo de Paris, consequências graves serão sentidas, como o aumento da desertificação de terras férteis, aumento de eventos climáticos extremos, efeitos nas áreas costeiras devido ao aumento do nível do mar, entre outros efeitos que terão graves consequências socioeconômicas.

 

O artigo Long-term thermal sensitivity of Earth’s tropical forest (Sensibilidade térmica das florestas tropicais a longo prazo) publicado, no dia 21 de maio, pela revista Sciense, mostra que, seguindo nesse ritmo de desmatamento e degradação das florestas, por exemplo, pode acontecer uma inversão em uma das suas principais funções: ao invés de retirar e estocar CO2 da atmosfera, a floresta pode passar a ser uma grande fonte de emissão de gases.

 

Estudos apontam que o desmatamento é uma das principais causas do aquecimento global. Só no Brasil, no primeiro trimestre de 2020, já se verifica um recorde histórico no desmatamento. O mês de abril foi o que teve maior índice nos últimos dez anos. Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que 529 km² de floresta foi derrubada. Em comparação a abril de 2019 foi um aumento de 171%.

 

“Falar em dia mundial do meio ambiente, hoje, em meio a tudo o que estamos vivendo e experimentando com uma pandemia, recordes de desmatamento e perdas de biodiversidades, significa falar em conservação da biodiversidade em suas múltiplas formas e como essa destruição tem afetado nossas vidas, alterando o clima e causando doenças e mais pobreza, analisa a Professora do Instituto de Biociências, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e integrante do Comitê do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Patrícia Morelatto.

 

Unir esforços é essencial para superar a crise climática e o surgimento de novas pandemias. “Neste momento crítico, unir esforços da academia, governos e iniciativa privada é essencial. Temos que agir em sincronia, objetivando os interesses da população. Isso significa reduzir as emissões de gases de efeito estufa, zerar o desmatamento na Amazônia, implementar políticas de transporte sustentável em nossas cidades, construir uma agricultura de baixas emissões de carbono, entre outras medidas. Isso tem que ser feito em consonância com as necessidades básicas da sociedade, reduzindo desigualdades socioeconômicas, e construindo um mundo mais resiliente a crises como esta que estamos passando, afirma o Professor do Instituto de Física, da Universidade Paulista (USP), e Coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Paulo Artaxo.

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