Eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e perigosos: realidade no Brasil e no mundo

O Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças do Clima, publicado em 2015, já mostrava a possibilidade de chuvas muito intensas no Rio Grande do Sul

As mudanças climáticas estão, a cada episódio meteorológico, se tornando mais evidentes. A “emergência climática” já é uma realidade iminente. Ela se manifesta de várias maneiras, sendo uma delas o aumento da intensidade e da frequência dos eventos climáticos extremos. Estes eventos extremos estão colocando em risco a vida de muitos, como estamos presenciando nas enchentes no Rio Grande do Sul.

A cada ano, observamos novos episódios alarmantes. Em 2023 foi a vez da forte seca na Amazônia, que deixou populações isoladas sem acesso pelos rios. Em 2022, mais de 100 pessoas morreram em Pernambuco em decorrência de fortes chuvas, o que foi a maior tragédia em Pernambuco nos últimos 50 anos. Tivemos escorregamentos em São Sebastião, Petrópolis e outras regiões, que ceifaram vidas.

Observamos que o aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos são apontados como consequências da mudança do clima. De acordo com o membro do comitê do Programa Mudanças Climáticas Fapesp, Professor Paulo Artaxo, em entrevista ao Portal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos já estava previsto pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) desde o seu primeiro relatório de avaliação, publicado em 1990. O Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças do Clima, publicado em 2015, já mostrava a possibilidade de chuvas muito intensas no Rio Grande do Sul.

“Associado com os eventos no Rio Grande do Sul, tivemos, em São Paulo, uma forte onda de calor que já durou duas semanas, e que é completamente atípica para o mês de abril e maio. Chuvas torrenciais têm sido registradas em vários locais do planeta”. O clima já mudou, e vai mudar ainda mais com o aumento das emissões de gases de efeito estufa, completa Artaxo.

Todas essas ocorrências, no entanto, não acabam quando as chuvas ou a seca cessam. As consequências perduram por um bom tempo, pois a disponibilidade de água para a população, por exemplo, é afetada; doenças são disseminadas com epidemias; plantações são afetadas e, consequentemente, redução na oferta e aumento no preço dos alimentos. Escolas e hospitais são destruídos, e os mais afetados são sempre a população de baixa renda.

Mas, o que pode ser feito? Ainda há tempo para frear e prevenir essas tragédias que têm se tornado uma constante?

De acordo com o Professor Paulo Artaxo, medidas urgentes devem ser tomadas por governos municipais, estaduais e nacionais, com ações consistentes para zerar as emissões de gases de efeito estufa através do desmatamento na Amazônia e a eliminação da exploração e queima de combustíveis fósseis.

“Isso tem que ser acompanhado por leis mais rigorosas de proteção de matas ciliares, de aumento de áreas de drenagens em áreas urbanas e a implementação de medidas de adaptação ao novo clima”, esclarece Artaxo.

 

No Plano Estratégico do Programa Mudanças Climáticas você encontra ações e pesquisas em áreas prioritárias, como energia, saúde, urbanismo, biodiversidade, mudança de uso e ocupação do solo, entre outras, com o objetivo de oferecer subsídios às políticas públicas de mitigação das mudanças climáticas baseadas em evidências científicas. Conheça em https://mudancasclimaticas.fapesp.br/plano-estrategico/

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