Há um mês da COP 30, nos dias 13 e 14 de outubro, aconteceu a pré-COP em Brasília, evento que reuniu lideranças mundiais para discutir os principais pontos na serem levados para a Conferência, em Belém. Professor Paulo Artaxo, vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) faz uma breve reflexão sobre os principais pontos discutidos e o que será levado para a COP. Confira!

“A reunião da pré-cop em Brasília foi muito importante. Tivemos mais de 25 delegações de países estrangeiros, além de uma forte participação brasileira. Todos os círculos que estão colaborando com o embaixador Correia do Lago estiveram presentes e todos os documentos foram disponibilizados para o embaixador constituir o documento final da COP 30, objetivo da reunião. O ponto principal é que dos mais de 20 países que se manifestaram verbalmente na reunião, nenhum abordou a questão do fim dos combustíveis fósseis. Todos enfatizaram a necessidade de construir um futuro sustentável para a humanidade, mas nenhum país mencionou explicitamente o fim dos combustíveis fósseis. O foco está sendo mais na questão da preservação das florestas que efetivamente nós temos que trabalhar, e pouco foi falado em termos de solução para a questão do financiamento. Os novos mecanismos de financiamento que o ministro Haddad está estruturando são muito importantes, como o fundo TFFF (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre), de proteção das florestas naturais, como os demais fundos de ajuda à adaptação climática, mas se os países vão injetar recursos significativos, ainda é muito difícil de termos uma visão mais abrangente sobre essas possibilidades. Então, foi um reflexo do que provavelmente vai acontecer na COP. O que imaginamos é que, efetivamente, vamos ter uma cópia onde o documento final vai mencionar muito fracamente o fim dos combustíveis fósseis. O enfoque será em acabarmos com o desmatamento das florestas tropicais. Os países estão dispostos a ajudar financeiramente para isso, mas não muito mais do que isto. Então, é uma COP onde a questão geopolítica é muito mais complexa hoje do que nas demais COPES vai se tornar um problema muito importante nas mesas de negociações.” Paulo Artaxo